POEMA_PROGRAMAÇÃO, DE CELINA GOMES: EXEMPLO DA TRADUÇÃO DA EXPERIÊNCIA ESTÉTICA PELA DIGITAL NA CONTEMPORANEIDADE VIRTUAL
Resumo
A fruição estética expressa por meio da literatura encontrou na poesia, segundo Neitzel (2006), uma signifcativa forma de manifestação. Por sua vez, o poema tradicional – caracterizado, na concepção de M. Cavalcanti Proença em Ritmo e Poesia (1955), como poema metrifcado, baseado na métrica latina da quantidade silábica – parece ter se estabelecido como forma poética mais convencional, não obstante diferentes confgurações pelas quais se manifestam o fazer poético – confgurações que, segundo Friedrich (1978), caracterizam-se, desde a lírica moderna do séc. XX, de forma enigmática, obscura, revelando um caráter de dissonância entre forma e sentido, uma prática de experimentação. Com o passar dos anos, o conceito de poesia e, consequentemente, o de poema, passou, portanto, por uma série de ressignifcações, justifcadas por mudanças históricas e estéticas, advindas das transformações sociais e econômicas. Com isso, deu-se a chamada poesia ou lírica moderna, apresentando feições plurais, como a da poesia digital. Este trabalho apresenta uma análise do texto Poema_PROGRAMAÇÃO, de Celina Gomes, como exemplo desse tipo de produção e, sobretudo, como tradução da experiência estética suscitada por um momento histórico que causou diferentes discussões no país, no ano de 2016, a saber, a ocasião dos debates sobre a reforma do ensino médio. A presente abordagem contempla a forma de produção da obra e a maneira como o conceito de poesia “se realiza” pela execução do poema/programa, validando diferentes interpretações sob o mote reflexivo da reforma do ensino médio. As relações entre o espaço real e virtual na contemporaneidade também são mencionadas, bem como a forma como elas colaboram para o amálgama entre tecnologia e literatura.
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