Camilo Castelo Branco e a dualidade em Maria! Não Me Mates, Que Sou Tua Mãe! – notícia ou ficção?
Resumo
Neste artigo, analisaremos a narrativa Maria! Não me mates, que sou tua mãe!, escrita em 1848, por Camilo Castelo Branco, de forma anônima. O enredo, publicado em folheto de cordel, é baseado em uma notícia divulgada no jornal Revolução de Setembro, sobre uma filha que teria matado a mãe. Pretendemos mostrar, por meio da análise de uma narrativa de crime, que embora jornalismo e literatura estivessem intrinsecamente ligados, são disciplinas distintas, ainda que ambas sejam utilizadas para a manifestação do discurso. Dessa maneira, mostraremos os elementos que caracterizam o folheto de cordel, o folhetim e a notícia, comprovando, portanto, que a citada obra, apesar da verossimilhança possível, nada mais é que ficção.
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