LETRAS EM REVISTA 2017, Volume 08
Publicação do Mestrado Acadêmico em Letras da Universidade Estadual do Piauí.
Resumo
APRESENTAÇÃO
A construção de sentidos do texto: estratégias e perspectivas de interface A presente edição de Letras em Revista é o primeiro número organizado após a criação da área Linguagem e Cultura no Mestrado Acadêmico em Letras da Uespi. No universo dessa área e em consonância com a linha de pesquisa Texto: construção e produção de sentidos, temos a satisfação de apresentar, neste primeiro número dedicado à área de Linguagem, um conjunto de artigos que apresentam discussões enriquecedoras sobre a construção de sentidos do texto em suas mais diversas modalidades (verbais, não verbais e mistas). Essas discussões são engendradas a partir de posicionamentos teóricos assumidos pela Linguística de Texto contemporânea. Não obstante, considerando, em ampla medida, o caráter interdisciplinar dessa área de investigação, abrimos espaço também para o diálogo com outras áreas no trato desse objeto, a exemplo das na leitura: método psicolinguístico, cuja autoria é de Mariana Terra Teixeira (PUCRS), analisa três estudos que utilizaram métodos experimentais distintos para investigar o processamento anafórico pronominal na atividade da leitura, chegando à conclusão de que diferentes técnicas psicolinguísticas contribuem com informações distintas para a descrição do tipo de processamento investigado. O segundo bloco de artigos deste dossiê contempla a construção de sentidos do texto mais especificamente pelo desenvolvimento das temáticas da intertextualidade e do discurso sob diferentes perspectivas. O artigo Intertextualidade imagética em Stranger Things e E.T. – o extraterrestre, de autoria de Vanessa Raquel da Costa Furtado (PMT-PI) e Geysa Dielle Rodrigues Vieira (PMTPI), analisa still frames de cenas da série e do filme citados para identificar as relações intertextuais entre as duas produções, recorrendo, para tanto, ao modelo de análise de Mozdzenski (2009). João Batista Costa Gonçalves (UECE) e Marcos Roberto dos Santos Amaral (UECE/SEDUCCE) assinam o artigo intitulado Análise dialógica do discurso orientada para o texto: o dialogismo interno e a bivocalidade no poema “Ela e você”, de Arnaldo Antunes, que discute a contribuição da Análise Dialógica do Discurso (ADD) sobre uma metodologia de análise textual que apresente efeitos de sentido em decorrência da relação com o discurso de outrem constitutivo do próprio discurso, sendo este percebido pela vozes que emergem em tensão num mesmo enunciado. Discurso e contexto: uma análise crítica de notícias sobre o movimento dos pescadores e pescadoras artesanais da Bahia, de Verônica Del Pilar Proaño de Fox (UFPE) e Karl Heinz Efken (UNICAP), analisa uma notícia publicada no jornal Correio da Bahia sobre o Movimento dos Pescadores e Pescadoras Artesanais da Bahia (MPP-BA), com base no arcabouço da Análise Crítica do Discurso (ACD). Uma discussão textual-discursiva sobre “Mineirinho”, de Clarice Lispector, cuja autoria é de Silvia Maria Brandão (FCLAR/UNESP) e Carlos Eduardo da Silva Ferreira (UNICAMP), traz reflexões textualdiscursivas feitas a partir da análise do conto Mineirinho, de Clarice Lispector, discutindo aspectos ligados à Linguística Textual e à Análise do Discurso, tais como a coesão referencial e o gênero textual (crônica e/ou conto). Último artigo deste bloco, A manifestação da subjetividade nas músicas “Meninos e meninas”, “Vento no litoral” e “Estranhos amores”, de Renato Russo, dos autores Lívia Maria Turra Basseto (UENP-Cornélio Procópio/ FEMA), Cintia Roberto Marson (UENP) e Suellen Arcanjo de Godoy (UENP), analisa, com base Análise do Discurso de linha francesa, de que forma a subjetividade se manifesta nas letras de três músicas de Renato Russo: Meninos e meninas, Vento no litoral e Estranhos amores. Um total de oito artigos compõe o terceiro e último bloco deste dossiê, que aborda temáticas diversas relacionadas aos gêneros textuais, às estratégias de leitura e construção textualdiscursiva. O gênero meme em posts de blog educacional: lendo enunciados verbo-visuais com Bakhtin e o Círculo, de Marina Totina de Almeida Lara (UNESP), apresenta uma discussão sobre o meme como gênero do discurso e como recurso didático-pedagógico no blog de um cursinho pré-vestibular. Nessa mesma linha do estudo dos gêneros, o artigo (Des)Notícia: a (des)construção de um gênero discursivo, de Filipo Pires Figueira (UNICAMP), trata da relação que se estabelece pela paródia entre dois gêneros discursivos: a desnotícia e a notícia. Interação on-line e oralidade em um blog de viagem, de Roberta Vieira Fávaro Günther (UNINCOR), analisa os efeitos do uso das marcas de oralidade na interação on-line, a partir de uma visão da linguagem como prática situada. Tarcilane Fernandes da Silva (UFSCAR) assina o artigo O trabalho com a leitura no livro didático de português: em foco, anúncios publicitários no 3º ano do ensino médio, que apresenta uma análise de atividades propostas para o trabalho com o gênero anúncio publicitário em um livro didático de Português, sugerindo reflexões que podem ser feitas com a finalidade de desenvolver no educando habilidades que concernem à leitura. Estratégias de linearização tópica em diferentes gêneros textuais, de Aline Gomes Garcia (UNESP/IBILCE), aborda o processo de organização tópica nos gêneros narrativa de experiência e descrição, com base no aparato teórico-metodológico da Gramática TextualInterativa, vertente alinhada à fase pragmática da Linguística Textual. Josane Daniela Pinto (USP/UEPA) assina o artigo intitulado O uso das estratégias digressão e repetição no conto “As colinas como elefantes brancos”, de Ernest Hemingway, no qual discute o efeito do uso das estratégias de digressão e repetição no contexto situacional de conflito no conto investigado. Tocando o terror: a conceptualização metafórica da violência nos jornais de Caruaru, de Adriano Dias (UNIFAVIP, DeVry Brasil) e Rodolfo Jarbas Leal Santiago Júnior (UNIFAVIP, DeVry Brasil), apresenta a proposta de identificar, em jornais de Caruaru, as expressões metafóricas usadas para categorizar violência, bem como a de reconstruir os conceitos metafóricos que licenciam essas expressões na nossa cultura, com base no aparato da teoria da metáfora conceitual. Finalizando o dossiê, o artigo Por que uma nova fase da Linguística Textual?, de Lícia Maria Bahia Heine (UFBA), sugere a instauração de uma nova fase na trajetória da Linguística de Texto, a fase bakhtiniana, com base em Heine (2002), para o qual o texto é um evento dialógico. Por último, não podemos deixar de ressaltar que a seção livre deste número de Letras em Revista traz em sua composição seis artigos igualmente significativos para o universo das pesquisas na área dos estudos linguísticos. Acreditamos que a presente coletânea reúne trabalhos bastante representativos das análises feitas no país no que concerne à Linguística Textual e disciplinas correlatas. Ficamos felizes em poder oferecer à comunidade acadêmica estudos relevantes, que certamente contribuirão para pesquisas futuras. Com isso, cremos contribuir para sedimentar a ideia, muito cara para nós, de que a ciência eficaz, na medida em que tenta suprir o conhecimento de uma área com respostas pertinentes (rigorosamente investigadas), faz emergir perguntas ainda mais desafiadoras. Que os pesquisadores continuemos a trilhar esse caminho incessante de busca que gera novas trilhas. Profa. Dra. Silvana Maria Calixto de Lima (UESPI) Prof. Dr. Valdinar Custódio Filho (UECE)