A escrita do cárcere: a vertente testemunhal em Confissões de um homem livre, de Luiz Alberto Mendes (2015)

Resumo

Considerando que a produção ficcional brasileira contemporânea tem se voltado para a representação de alguns grupos sociais silenciados, como mulheres, pobres, negros, indígenas, (ex)presidiários, deficientes físicos, entre outros, é que este artigo tem por objetivo investigar como se constrói a representação do sujeito em situação de cárcere no romance Confissões de um homem livre, de Luiz Alberto Mendes, sob o viés testemunhal. No que tange aos resultados obtidos com a presente análise, que se deu sob à luz dos estudos de Moreiras (2001), Selligmann-Silva (2003; 2007; 2018), Guinzburg (2011), Salgueiro (2012; 2015), Penna (2013), entre outros estudiosos, foi possível constatar que a relação entre a escrita do cárcere e a vertente do testemunho se dá a partir de alguns traços configuradores, como o registro em primeira pessoa, o compromisso com a verdade e a lembrança, a resistência, a representação de um evento coletivo e a condição de minoridade.


 

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Publicado
2022-06-30
Como Citar
BRANDILEONE, Ana Paula Franco Nobile; MASSARI, Beatriz da Silva. A escrita do cárcere: a vertente testemunhal em Confissões de um homem livre, de Luiz Alberto Mendes (2015). LETRAS EM REVISTA, [S.l.], v. 13, n. 01, jun. 2022. ISSN 2318-1788. Disponível em: <https://ojs.uespi.br/index.php/ler/article/view/457>. Acesso em: 26 abr. 2024.