O Discurso de ódio e a argumentação: uma proposta para o Ensino Médio
Resumo
Resumo: Movido pela análise das falácias e da lógica informal, o pensamento crítico impulsionou novas perspectivas, nas quais se compreende a importância de que os sujeitos em formação escolar desenvolvam a capacidade de formular, identificar e avaliar argumentos. (BRETON e GAUTHIER, 2001) Apropriando-se de tais habilidades, os alunos podem estar melhor preparados para posicionar-se de modo menos ingênuo frente aos discursos que permeiam a sociedade que, de maneira explícita ou não, tendem a manipular pelo poder da linguagem. Desse modo, lançando mão da análise do discurso e de estratégias argumentativas, esta pesquisa objetiva tecer discussões acerca de uma proposta interventiva de ensino que tem como foco o processo de ensino-aprendizagem da argumentação nos gêneros cartas de solicitação e reclamação. As reflexões serão tecidas à luz de Perelman e Olbrechts-Tyteca (2005), Amossy (2011), Breton e Gauthier (2001), dentre outros. Os resultados demonstram que tão importante quanto instrumentalizar os alunos no que tange aos recursos estratégicos da língua, é ensiná-los a construir argumentos em defesa de uma posição sem que se utilize do discurso de ódio, da “argumentação ad hominem” e do “confronto bélico”, conforme denominam Breton e Gauthier (2001). Esses conceitos serão melhor evidenciados ao longo do artigo.
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