Letramentos digitais e ampliações das noções de texto e de leitura

  • Walter Vieira Barros UFCG

Resumo

Este artigo objetiva discutir acerca das transformações que as tecnologias digitais têm promovido nas concepções de letramento(s), de texto e de leitura, bem como discutir sobre as implicações de tais mudanças para o ensino de línguas. A base epistemológica que fundamenta a escola tem sido desafiada pelas práticas sociais contemporâneas, ressaltando a importância do desenvolvimento de epistemologias digitais (LANKSHEAR; KNOBEL, 2003). Estas epistemologias, que podem contribuir para a redução do descompasso entre escola e sociedade, neste trabalho, diz respeito às teorias de letramentos, mais especificamente a perspectiva dos letramentos digitais (LANKSHEAR; KNOBEL, 2008) aliada ao letramento crítico (MONTE MÓR, 2013). A natureza das práticas sociais, e das produções textuais, contemporâneas é mais colaborativa, fluida e criativa, em que os usuários estão ativamente engajados. Tais aspectos podem ser considerados no ensino de línguas, enfatizando seu caráter educativo e não apenas linguístico-estrutural.

Referências

BARTON, D.; LEE, C. Linguagem no mundo digital. In: Linguagem online: textos e práticas digitais. Tradução: Milton Camargo Mota. São Paulo: Parábola Editorial, 2015. p. 11-28.

BRAGA, D. B. Tecnologia e participação social no processo de produção e consumo de bens culturais: novas possibilidades trazidas pelas práticas letradas digitais mediadas pela internet. Trabalhos em Linguística Aplicada, Campinas, v. 49, n. 2, p. 373-391, jul/dez. 2010.

BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Orientações curriculares para o ensino médio: Linguagens, códigos e suas tecnologias. Brasília: MEC/SEB, v. 1, 2006, p. 85-124.

BUZATO, M. E. K. Letramentos digitais e formação de professores. In: III Congresso Ibero-Americano EducaRede, 2006, São Paulo. Anais do III Congresso Ibero-Americano EducaRede. São Paulo: CENPEC, p. 1-7, 2006.

______. Entre a fronteira e a periferia: linguagem e letramento na inclusão digital. 2007. 284f. Tese (Doutorado em Lingüística Aplicada) – Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2007.

______. Letramentos digitais. Entrevistadora: Leila Ribeiro. Entrevista concedida à Sociedade de Linguística Aplicada, Cultura Digital e Educação-SALA (11 min.), nov. 2010. Disponível em: < http://sala.org.br/index.php/tv/entrevistas/360-letramentos-digitais> acessado em outubro de 2017.

CERVETTI, G.; PARDALES, M. J.; DAMICO, J. S. A tale of differences: comparing the traditions, perspectives and educational goals of critical reading and critical literacy. Reading Online, v. 4, n. 9, 2001.

DUBOC, A. P.; FERRAZ, D. M. Letramentos críticos e formação de professores de inglês: currículos e perspectivas em expansão. Revista X, Curitiba – PR, v.1, p. 19-32, 2011.

DUBOC, A. P. M. Atitude curricular: letramento crítico nas brechas da formação do professor de inglês. 258f. Tese (Doutorado em Letras). Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012.

JORDÃO, C. M.; FOGAÇA, F. C. Ensino de inglês, letramento crítico e cidadania: um triângulo amoroso bem-sucedido. In: Revista Línguas e Letras. v. 8, n. 14, p. 79-105, 2007.

KRESS, G. Multimodality. In: COPE, B.; KALANTZIS, M. (Ed.). Multiliteracies: literary learning and the design of social futures. London: Routledge, 2000. p. 182-202.

KNOBEL, M.; LANKSHEAR, C. Digital literacies. In: PEPPLER, K. (Ed.). The SAGE encyclopedia of out-of school learning. Thousand Oaks, CA: Sage, 2017. p. 2016-220.

LANKSHEAR, C.; KNOBEL, M. New literacies: changing knowledge and classroom learning. Buckingham: Open University Press, 2003.

______. Digital literacy and digital literacies: policy, pedagogy and research considerations for education. Nordic Journal of Digital Literacy, Norway, v. 1, p. 12-24, 2006.

______. Sampling “the new” in new literacies. In: LANKSHEAR, C.; KNOBEL, M. (Eds.). A new literacies sampler. New York: Peter Lang Publishing, 2007. p. 1-24.

______. Introduction: Digital Literacies – concepts, policies and practices. In: LANKSHEAR, C.; KNOBEL, M. (Eds.). Digital Literacies: concepts, policies and practices. New York: Peter Lang Publishing, 2008. p. 1-16.

______. New literacies: everyday practices and social learning. Maidenhead, UK: Open University Press, 3 ed., 2011.

LANKSHEAR, C.; KNOBEL, M.; CURRAN, C. Conceptualizing and researching “New Literacies.” In C. A. Chapelle (Ed.). The encyclopedia of applied linguistics. Hoboken, NJ: Wiley Blackwell, 2013. p. 863-870.

LUKE, A.; FREEBODY, P. Critical literacy and the question of normativity. In: MUSPRATT, S.; LUKE, A.; FREEBODY, P. (Eds.). Constructing critical literacies. St. Leonards: Hampton, Press, 1997.

MATTOS, A. M. A. Construindo cidadania nas aulas de inglês: uma proposta para o letramento crítico. In: TAKAKI, N. H.; MACIEL, R. F. (Orgs.). Letramentos em Terra de Paulo Freire. Campinas, SP: Pontes Editores, 2014. p. 171 – 191.

MENEZES DE SOUZA, L. M. T. O professor de inglês e os letramentos no século XXI: Métodos ou ética? In: JORDÃO, C. M.; MARTINEZ, J.Z.; HALU, R. C. (Orgs.). Formação “desformatada” – práticas com professores de língua inglesa. Campinas: Pontes, 2011a. p. 279-303.

MENEZES DE SOUZA, L. M. T. Para uma redefinição de letramento crítico: conflito e produção de significação. In: MACIEL, R. F.; ARAUJO, V. A. (Orgs.). Formação de professores de línguas: ampliando perspectivas. Jundiaí: Paco Editorial, 2011b. p. 128-140.

MONTE MÓR, W. Crítica e letramentos críticos: reflexões preliminares. In: ROCHA, C.H.; MACIEL, R. F. Língua estrangeira e formação cidadã: por entre discursos e práticas. Campinas: Pontes, 2013. p. 31-50.

NASCIMENTO, A. K. O. Digital literacies in in-service and pre-service teacher education: some considerations on the learning provided by such process. Revista Leitura, Maceió: EDUFAL, n. 53, p. 20-37, 2014.

NASCIMENTO, A. K.; KNOBEL, M. What’s to be learned? A review of sociocultural digital literacies research within pre-service teacher education. Nordic Journal of Digital Literacy, Universitetsforlaget, v. 12, n. 3, p. 67-88, 2017.

NEW LONDON GROUP. A pedagogy of multiliteracies: designing social futures. Harvard Educational Review, v. 66, n. 1, p. 60-92, 1996.

PISCHETOLA, M. Inclusão digital e educação: a nova cultura da sala de aula. Petrópolis: Editora Vozes; Rio de Janeiro: Editora PUC-Rio, 2016.

SANTAELLA, L. O novo estatuto do texto nos ambientes de hipermídia. IN: SIGNORINI, I. (Org.). [Re]discutir texto, gênero e discurso. São Paulo: Parábola Editorial, 2008. p. 47-72.

SOARES, M. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 2009.

STREET, B. What’s “new” in new literacy studies? critical approaches to literacy in theory and practice. Current issues in comparative cducation, Columbia University, v. 5, p. 1-14, 2003.

______. Letramentos sociais: abordagens críticas do letramento no desenvolvimento, na etnografia e na educação. Tradução de Marcos Bagno. São Paulo: Parábola Editorial, 2014.

TAKAKI, N. H. Letramentos na sociedade digital: navegar é e não é preciso. Jundiaí: Paco Editorial, 2012.

TAVARES, R. R.; STELLA, P. R. Novos letramentos e a língua inglesa na era da globalização: desafios para a formação de professores. In: ZACCHI, V.; STELLA, P. R. (Orgs.). Novos letramentos, formação de professores e ensino de língua inglesa. Maceió: EDUFAL, 2014. p. 75-99.
Publicado
2018-06-30
Como Citar
BARROS, Walter Vieira. Letramentos digitais e ampliações das noções de texto e de leitura. LETRAS EM REVISTA, [S.l.], v. 9, n. 01, jun. 2018. ISSN 2318-1788. Disponível em: <https://ojs.uespi.br/index.php/ler/article/view/130>. Acesso em: 03 dez. 2024.